quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

OLHA O REISADO MINHA GENTE






OLHA O REISADO MINHA GENTE
AUTOR: BARTOLOMEU MENDES DA SILVA

Escutem caro amigos
Esta minha narração
Sobre uma cultura boa
Que reina no meu torrão
Me refiro ao reisado
Festival de bom agrado
Da região do Nordeste
Que encanta todo povo
Velho, adulto ou novo
Cidade, sertão e agreste.

Os sertanejos de fé
Se apegam a santos reis
Fazem novenas, andam as noites
E festejam no dia seis
Contam com uma cantadeira
Caretas e o tocador
Boi e burrinha também
Cabeça de fogo além
Do festivo encantor.

Já outros fazem promessa
E pagam durante o dia
Festejam na mesma data
Com a maior alegria
Pra noite arrumam caretas
Que dão suas piruetas
No baião de um instrumento
Jogam lenço no pessoal
A procura dum real
Aproveitando o momento.

No meu tempo de menino
Havia reis de montão
Na pisada do reisado
Reunia a multidão
E todos iam a pé
Menino, homem e mulher
Formavam bela filinha
Par seguir o reisado
Cada qual mais animado
Só voltavam de manhazinha.







Lembro da sepateada
Até hoje de um irmão
Que deu pulos e por pouco
Da casa não rachou o chão
Ficou igual um cassote
Derrubando mesa e pote
Que cena bonita aquela
Um gibão ele usava
E toda vez que rodava
Apagava-se toda vela.

O momento ficou pra trás
E só me resta a saudade
Reisado tornou minoria
E agora é raridade
Hoje poucos fazem promessa
Quando fazem andam depressa
Em cima de moto ou carro
Vai João, Maria e José
Sobra pra quem tá de pé
Na cara poeira e barro.

Os caretas atuais
São cheios de jeringonça
Soltam ali dois pinotes
Exigem logo uma onça
E na hora do baião
Pisam maneiro no chão
Só para enrolar a gente
Se foi a sapateada
Não vemos mais a pancada
Que víamos antigamente.

Na época do “véi” meu pai
A jornada era bem dura
E as vezes vinha no lenço
Um pedaço de rapadura
Um ovo ou algum trocado
Pequeno de bom agrado
Em pleno a noite bacana
Surgiu pra variar
E os caretas alegrar
Uma bruta dose de cana.









Mas na vida tudo muda
Reisado também mudou
Aquele que viu outrora
Fez parte ou acompanhou
Nota que há diferença
Dos períodos são intensa
Entre o presente e o passado
Sobre qualquer tradição
Principalmente no sertão
Quando se fala em reisado.

Encerro minha história
Ancioso pra valer
Eu ainda na região
Num reisado quero ver
O jô Piaba e o Ciço
Atuando no serviço
O Zé da Onça cantando
Eu o reisado tocando
Na minha sanfona três cor.

FIM
SÃO JOÃO DA SERRA PIAUÍ
14.02.2018




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