sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Reminiscência de Gaudêncio Almeida



Reminiscência de Gaudêncio Almeida

O sertão é recheado
De histórias pra contar
O poeta é mensageiro
Da cultura popular
E deixa bem registrado
Aquilo que precisa contar

O caboclo nordestino
Que vive aqui no sertão
Vivendo no anonimato
Longe da televisão
Tem sua história esquecida
Nos livros desta nação

No tempo do lampião
Da cabeça e da bileira
Viva o homem do campo
Na labuta rotineira
Só pisava na cidade
Para se fazer uma feira

Muitos desses sertanejos
Deixaram belas histórias
No grande livro da vida
Com seus traumas e glórias
E que são como refresco
Para as nossas memórias.

E umas dessas histórias
Me encarreguei de contar
É sobre um serrajonense
Que nasceu para brilhar
Em cima do seu cavalo
Na arte de campear.

Gaudêncio Alves de Almeida
É o citado vaqueiro
Homem simples sertanejo
Porém honrado guerreiro
Um apaixonado pelo gado
Do nordeste brasileiro.

Nascido em São João da Serra
Chupeiro a localidade
No dia 15 de outubro
Foi grande a festividade
Do ano quarenta e oito
Naquela propriedade

Filho de Joaquim Francisco
Um cidadão muito honrado
E de Filisbela Alves
Trouxe o destino traçado
De ser um grande vaqueiro
E viver junto com o gado.

Criado no interior
Bebendo água do pote
Tomando leite da vaca
Vendo amansar o garrote
Mudou-se com a família
Pra localidade Sote.


Na localidade Sote
Aprendeu a trabalhar
Mexer com os animais
Pois fazia por gostar
E foi ali que cresceu
E o destino a se traçar.

Aos 23 anos de idade
Gaudêncio, bom cidadão
Casou-se com Joana Almeida
Uma moça da região
Filha de Cenobilino
E Camila Mendes Frazão.

Foi morar na Camponesa
Deixando escrito o roteiro
Em terras serrajonenses
Onde o filho verdadeiro
Aprendeu mesmo de fato
A vida de um bom vaqueiro.
Homem muito astucioso
E muito ágil também
As carreiras que ele deu
Não esconde de ninguém
E contar para o leitor
Neste livro convém.

Porque como um bom vaqueiro
Desbravador do sertão
Tem muitos feitos gigantes
De encabular o cristão
E que hoje pra Gaudêncio
Servem de recordação.

E uma dessas histórias
É o do boi Guaxinim
Que foi pego por Gaudêncio
Assim contaram pra mim
O boi era muito bravo
Porém ficou bem “mansim”.

Pois certo dia ele foi
O citado boi caçar
Com o seu compadre Armando
Vaqueiro espetacular
E o vaqueiro Antônio Peba
Conhecido no lugar.

Na malhada do Abidão
O tal boi foi encontrado
Gaudêncio Almeida estava
No cavalo Prateado
Que era o seu preferido
Pois não enjeitava o gado.

Na serra da flor da Alméssega
Escarreiraram o boião
Desceram os três embalados
Foram parar no baixão
Pois o Gaudêncio já estava
Com o Guaxinim no chão.

Com a proteção de Jesus
De Deus e Nossa Senhora
Pegou o boi e amarrou
E gritou naquela hora
Gaudêncio não espanta o boi
Para deixar ir embora.

A fama desse vaqueiro
Cresceu com o seu bom conceito
Que as carreiras que dava
Ninguém botava defeito
Se aparecesse o boi bravo
Só Gaudêncio dava jeito.

E junto com seus amigos
Não temia escarreirar
Assim deixou muita história
Para o sertão encantar
Como o do boi Sabonete
Que agora eu vou contar.

Gaudêncio e Valdenir
E o seu pai Florisberto
Um vaqueiro experiente
E também bastante esperto
Na pega do Sabonete
Foi um trio que deu certo.

Foi na serra de São Pedro
Que o boi escarreiraram
Pro Olho D’água das Furnas
Desceram e por lá pararam
Porque no dito local
O citado boi pegaram.

Ele com seus amigos
Não deixaram o boi em pé
Pois andavam em bons cavalos
E eram vaqueiros de fé
Gaudêncio estava no Mancha
E o Valdenir no Pelé.

E o dono desses bois
Se chamava José Alexandre
Morava na Camponesa
Um alto comerciante
Gaudêncio era o seu vaqueiro
E ele o ajudou bastante.

Assim era a vida dele
Na labuta com o gado
Teve muitos companheiros
Que sempre eram lembrados
E os campos que fizeram
São relíquias do passado.

Temo o Deusdet Fernandes
Que é seu compadre honrado
Ele não era vaqueiro
Mas também pegava gado
Deu muita carreira grande
Dentro da mata fechada.

Zeca de Almeida e Deolindo
Antônio dos Santos também
Zeca Moura e Júlio Moura
Não perdiam pra ninguém
E ainda Chico Gonzaga
Que é um cidadão de bem.

O mano do Florisberto
E o Antônio Frazão
Orlando Almeida, um vaqueiro
De grande disposição
E o Ribamar Tibúcio
Estão no seu coração.

Hoje com setenta anos
É um homem realizado
Deixou de escarreirar
Mas vive no meio do gado
E a fazenda Boa Esperança
É o seu grande legado.

Gaudêncio assim improvisa
E coloca na lembrança
“O meu vaqueiro Faustino
É homem de confiança
Zela o meu gado e cuida
Da fazenda Boa Esperança”.
Ao refletir o seu passado
Prepara logo um repente
“Gaudêncio não estudou
Mas é um homem inteligente
Por isso é muito contente”.

E quando lembra das filhas
Rima assim, porque convém
“Eu tenho meus 4 genros
Que são pessoas de bem
Todos homens de respeito
Não discriminam ninguém”.

A sua verve poética
Vem das brenhas do sertão
Pois Gaudêncio foi careta
E se orgulha de montão
Pois brincou muitos reisados
Aqui nessa região.

“Nós somos dez irmãos
6 “omi’ e 4 “muié”
Edmundo, Júlio e João
O jacinto e o José
E eu sou o Gaudêncio Almeida
Que é este omi’ de fé”.

“Tem a Verônica e Francisca
E a Maria também
Tem a comadre Lídia
Uma pessoa que convém
Estes são meus dez irmãos
Que eu adoro e quero bem”.

“Gaudêncio é protegido
Por Deus e Nossa Senhora
É também um bom vaqueiro
E é bonita a sua historia
Minha esposa e minhas filhas
São as ‘flor’ que eu mais adoro”

Esses são versos que ele
Recita do modo seu
Mas outra coisa lhe orgulha
Pois toda vida viveu
No nosso São João da Serra
Terra boa em que nasceu.

4 filhas ele tem
Arcanja e Inacinha
Tem a Francisca das Chagas
Conhecida por Chaguinha
E a Marinalva Almeida
Que é popular Nalvinha.

Os seus genros ‘seu’ Gaudêncio
Estão sempre do seu lado
Herbert, Cruz e Zequinha
Um cidadão preparado
E o cidadão Carlinhos
Que é um homem interado.

Através de muita luta
E muita disposição
Ver a família criada
Neto já tem de montão
E tem o seu bisneto Heitor
Que está no seu coração.

Aqui termino a história
Desse cidadão honrado
Gaudêncio Alves de Almeida
Esse vaqueiro afamado
Que através de muita luta
Venceu e hoje desfruta
Concretizando os seus planos
E ainda diz nos versos seus
“Muito obrigado meu Deus
Pelos meus setenta anos”.


Autor: Antônio Carlos Almeida 







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