INSPIRAÇÃO NORDESTINA
Sou poeta nordestino
Amante desse torrão
E o segredo do meu verso
E da minha inspiração
Você irá encontrar
Nas coisas do meu sertão
No pé do mandacaru
Na cachoeira do
rio
Nas correntezas das águas
Descendo de fio a fio
E na voz do repentista
Cantando seu desafio
No aboio do vaqueiro
Com o gado na caatinga
No gato maracajá
Que possui enorme ginga
Na fruta da melancia
Que lá no muturo vinga
No grito da seriema
Na cantiga do canção
Na batata que germina
Cobrindo a face do chão
E na seca que
dizima
As belezas do sertão
Na batida do careta
No baião do tocador
Na fé de um promesseiro
Na linha do pescador
No ferro do carpinteiro
Na foice do agricultor
Um simples canto de
Pássaro
Inspira tanto o poeta
Mesmo não tendo estudo
Solta um rima completa
Não há quem diga que veio
De uma boca analfabeta
O tinido do chocalho
De uma vaca no curral
O canto do sabia
Fazendo seu matinal
E até mesmo a batida
Do pica-pau
O lindo verdes das matas
Que tem durante o inverno
As águas da cachoeira
Mostrando um conforto
Eterno
E lindas flores do campo
Formando o mais lindo terno
O ”ingem” de rapadura
A casa de farinhada
O pé de mandacaru
Em frente a casa caiada
Dão os versos mais
bonitos
Sem cobrar da gente nada
Tudo que tem por aqui
E fonte de inspiração
O aguapé do riacho
A reza do ancião
A estradinha que passa
Na beira do gritalhão
A cera da carnaúba
Da cangaia do jumento
Os casos de assombração
Que causam divertimento
Cada coisa do sertão
Dar um verso cem por cento
O sofre do nordestino
Que passa fome e chora
Ajoelhado ele reza
Pra Deus e nossa senhora
Para acabar com a seca
Que o nosso sertão devora
Deus nos dar a poesia
Como um dom bem divino
No universo artístico
Entra mesmo até menino
Pois vivendo no sertão
Nunca falta inspiração
No poeta
nordestino.
Poeta Antônio
Carlos de Almeida
03/07 /2017
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