A CERA DE CARNAÚBA
Estou aqui pra falar
De uma coisa de valor
A palha da carnaúba
Tirada por lavrador
Por um homem e derrubada
Por outro e aparada
Por quem tem disposição
Carregada estendida
Pois a palha preferida
E a riqueza do sertão
Mexer com carnaubal
Não é coisa pra qualquer um
Levantar de madrugada
E trabalhar em jejum
Deixando pra merendar
Só quando o sol altear
E almoçar meio-dia
Chegando a casa o sol posto
Com suor cobrindo o rosto
E às vezes sem alegria
Qualquer serviço da palha
Que um cabra for fazer
Derrubar ou aparar
Carregar ou estender
Todo ele é pesado
Só pra cabra encorajado
Que tenha força e talento
Cabra mole não aguenta
Muito deles se arrebenta
E rincha como um jumento
Mas quando se vende a cera
Trabalhador fica animado
Pois dali e recebido
O seu dinheiro sagrado
Depois da palha cortada
E tuda aproveitada
Pois serve de adubação
Deixa aterra enriquecida
Pois a palha preferida
E a riqueza do sertão
POETA – CICERO VASCONCELOS
EDIÇÃO-FRAZÃOZIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário