SAGA DOS TIRADORES DE PALHA
Nesse pequeno cordel
Com versos bons e certeiros
Eu mando minha mensagem
Para os irmãos Brasileiros
Que fortes como leão
Desbravam esse sertão
Refiro-me aos palheiros
Os palheiros se dedicam
Por serem fortes demais
Enfrentando essa lida
Em busca dos ideais
De foice e faca na mão
No período do verão
Dentro dos carnaubais
O cabra tem que ser duro
Para enfrentar o molho
Precisa comer pirão
E não folha de repolho
É como diz o ditado
Precisa está preparado
E conter sangue no olho
Pois veja que as funções
De cada trabalhador
São pesadas não são moles
E preciso ter fervor
Cada uma eu vou falar
Por isso vou começar
Citando o derrubador
Para derrubar as palhas
Usa uma foice amolada
Olhando sempre pra cima
Não pode dar vacilada
Naquela dura rotina
Quando a tarefa termina
Tá de vista atordoada
Passa o dia trabalhando
Com o seu bambu na
mão
Com uma foice afiada
Derruba as palhas no chão
Precisa ser bem ligeiro
Tá atento o tempo inteiro
Pra cumprir bem a função
Não há ninguém que se queixe
Pois vem o aparador
E fala:- comigo deixe ;
Valente que nem galo
Cortando talo por talo
Para organizar em feixe.
O amigo aparador
Enfrenta grande embaraço
O dia todo abaixado
Contando as palhas no braço
Ele termina o rojão
Em feia situação
Sentindo dor no espinhaço
E tem o carregador
Que as vezes passa mal..
Ajunta feixe por feixe
No meio do matagal
O transporte é um
jumento
Que se for brabo e nojento
Lhe causa raiva afinal
O jumento sendo doido
O cabra de raiva chora
Pois o mesmo sai correndo
Nos paus a cangalha tora
Deixando as palhas espalhadas
Entra na mata fechada
Troce o rabo e vai
embora
Toda palha e carregada
Para um certo lugar
É onde fica o leirista
Que as coloca pra secar
Mas antes enfrenta um molho
Porque a palha do olho
Ele tem que separar
Se os cabras ficam no mato
Precisa do cozinheiro
Pra preparar a comida
E também ganhar dinheiro
Sob a sombra de um pau
Prepara o “gargurau”
É um serviço maneiro
É uma boa função
Isso todo mundo
diz
Mas se comida não presta
Os cabras passam um giz:
Peão não fica calado
Diz que pirão desgraçado
Oh cozinheiro infeliz
O cabra pra tirar palha
Não pode ser mole não
Pois tem que enfrentar o sol
Bem quente desse sertão
Mas mesmo com agonia
Na luta do dia a dia
Tem bastante diversão
Janta sempre tardinha
Bem antes de se deitar
Tem ainda os cabras frescos
Que gostam de atuzigar
E de noite a peãozada
Numa conversa
danada
Nem ver o tempo passar
Eu já trabalhei na palha
Mas um pouquinho somente
E confesso pra vocês
Que aquele sol bem quente
Não tem pena de ninguém
E além do mais também
Causa gastura na gente
Meu pai também e palheiro
E conhece ate demais
Uma tiração de palha
Dentro desses matagais
Pois mora em São João da Serra
Uma abençoada terra
Rica em carnaubais
Finalizo o meu cordel
De um modo bem gentil
Falando desse peões
Que merecem nota mil
Nos serviços rotineiros
São os heróis verdadeiros
Do nosso pais Brasil .
POETA- ANTONIO CARLOS ALMEIDA
EDIÇÃO FRAZÃOZIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário