LAMENTO SERTANEJO
Que vida apertada
No velho
roçado
O sol
e danado
É queima
sem dó
O cabra
roceiro
No meio da
roça
Cansado se
cossa
Jorrando suor
A seca ferina
Que tudo
devora
Lhe joga
fora
Sem ter
compaixão
Pois lá
no roçado
De tudo plantou
Mas nada
pegou
Nem mesmo
feijão
A muie
brigando
Sem ter de
cumer
Começa
a dizer
Meu Deus
nos ajude
A seca
sagaz
Deixou grande
magoa
Não acho
mais água
Nem mesmo
no açude
No mato
os meninos
No meio
do grotão
Com pedra
na mão
Caçando
preá
Em casa
a muie
Fica
aperreada
Não
sabe coitada
O que
cozinha
O marido chega
Cansado
e tristonho
De
fome medonha
Começa
a dizer
Se não chover
logo
No
nosso sertão
Não
tem jeito não
Iremos
morrer
No dia
da feira
Sai
lá do roçado
E
vai ao mercado
Comprar
cereais
Mas
volta sem nada
Pensando consigo
Comprar não consegue
Que é caro demais
E dessa maneira
O povo sofrido
Ouvindo o gemido
Da fome a mata
Vendendo
o que tem
Arruma a passagem
E segue viajem
Pra outro lugar
O cabra só volta
De mala na mão
Aqui pro sertão
Se a chuva chega
Feliz ele chega
No berço querido
Sem ver
mais gemido
Da fome e pena
POETA ANTONIO CARLOS ALMEIDA
Nenhum comentário:
Postar um comentário